Sim, um carro é importante, mas não tão importante como o amor.
O amor te leva à partes nunca antes visitadas, ou quando revisitadas, são como partículas da infância, lembranças amareladas e saborosas que têm um cheiro particular e te remetem sempre à sensação de conforto.
Quase todos os dias sonho, mas não sonho com você. Eu sonho sem você. E em muito se parece com o que sinto acordada, o que me faz pensar em que graça tem sonhar, quando em sonho podemos ter e ser e fazer o que quisermos, se sonho com a mesma tristeza que me consome dia após dia. Nos sonhos não vejo o seu rosto, nem sequer vejo rosto algum. É um sonho de sensações, de estados de espírito, e a unica imagem neles é a sua nuca. Vejo a sua nuca, mas nunca o seu rosto. E vejo a minha dor. É tão densa que posso até vê-la. É tão real e tão parecido com o que sinto ao despertar, que demoro a distinguir o que ainda é sonho e onde começa a dita realidade.
Certamente uma ironia para que eu sofra as vinte quatro horas que o dia possui, ao invés das habituais dezesseis.
Sim, amor é importante, mas não tão importante como a presença.
Não tenho estado sozinha. Tenho sempre boa companhia. Gosto de compartilhar sorrisos e idéias. Dividir minha visão particular do mundo e ao mesmo tempo, ver o mundo com outros olhos que não os meus. A visão por outros olhos é demasiado atraente e sempre muito válida. Me faz pensar e refletir, comparar minhas idéias e confrontar meus pensamentos, o que em muito me faz crescer.
Sim, a presença é importante, mas não tanto quanto a ausência.
Ah, a ausência. Tem sido minha companheira inseparável nesse dias que se seguem. Não poderia dar-lhe o desmerecimento, visto o tanto que a sinto e o quão impactante é.
O sonho recorrente de uma ausência infundada me persegue e me limita ao estado melancólico inerente à minha vontade. Como uma latência, a ausência está sempre ali. Por mais que às vezes me esqueça ou me distraia, volta e meia recomeça a latejar, às vezes fortemente, outras nem tanto, porém ao lembrar sua existência, a angústia me consome até que me distraia outra vez.
Sim, a ausência tem sido importante, mas não tanto quanto os sonhos.
Não estes sonhos, sátiras perversas do inconsciente, mas as ambições e anseios tidos popularmente como sonhos. Não deixo de sonhar, ansiar, vislumbrar um futuro próximo, sem deixar de ter em mente que este está sendo construído agora, no presente momento.
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