O que me irrita em você, na verdade é o que me irrita em mim mesma. A parte que me entristece em minha controladora personalidade ao relacionar-me se apresenta disfarçada de um certo desconforto com o que você faz. Tendo a ser demasiado possessiva em relações, especialmente as amorosas. Tenho tentado não me chatear, e não te pedir o que não quero, não devo e nem posso cobrar. Tento ser justa e me envolver da forma mais suave que posso na sua vida, porém apenas em questões às quais eu não esteja diretamente envolvida. Nas questões as quais eu participe ativamente, não apenas opino, como exijo meu direito a tal.
Antes de cada pequena coisa repartida, me esforço muito para tentar enxergar qual parte me cabe e qual cabe a você. Atribuo valores e vejo até onde a reciprocidade permite que eu vá.
Mas às vezes não consigo controlar. Brota dentro de mim, talvez do coração, ou da parte atribuída irracional e instintiva, onde os sentimentos brotam ao invés de serem trabalhados e racionalizados. De lá de onde brota, vem desenfreado e se aloja em algum lugar perto do raciocínio e uma vez lá, torna se quase racional e nos faz crer ser passível. Mas sei que não é. E sabendo, me confundo ao sentir mesmo tendo a certeza que não devo.
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Às vezes a sua complacência com os demais me entristece um pouco. O movimento que você faz e que o leva além do sentido que segue a vida, simplesmente para agradar pessoas que, à primeira vista, não dão a devida atenção recíproca a você. E então me sinto tola.
Me recorre então o sentimento de que, pra você, é mais aprazível o desgosto do que o amor. Que para você o desprezo é de mais valia do que a atenção e o afeto.
Porque será que a tristeza te alegra mais que a felicidade? Porque apenas depois de ferir, você age com cautela? Porque o desleixo te cativa mais que o cuidado?
Será que somos todos assim e apenas nos salta aos olhos nas atitudes de outrem?!
Acredito que meu erro consiste em insistir em dar-te o que você aparenta não querer. Meu cuidado e carinho nunca fora tão valorizado quanto a minha decepção. Não busco me decepcionar. Incessantemente busco serenidade.
"Você tem a mania de gostar do que difícil lhe parece, não do aprazível. Do que te negam, do que você mesmo julga árduo alcançar. Quer se provar.
Certa vez lhe disse ter a certeza de que queria meu coração e de certo não saberia o que fazer com ele. E se esforça para tê-lo, pois se soubesse que o tem, não moveria um dedo sequer em direção alguma."
Penso no quanto ganharia de sua admiração por não te admirar e então vejo que enorme estupidez isso me parece. Por nada eu deixaria de te admirar. E nem fingiria sentir o que não sinto para parecer o que não pareço, para então receber de volta o que gostaria. Não, não sou assim. Os fins não justificam os meios. Contrariamente, são os meios que importam, eles sim são motivadores à tudo.
Olho a fundo nos teus olhos e vejo que não tem a menor intenção de ferir. Me distraio com seus olhos amáveis e com a leveza do teu olhar, mas quando menos se espera meu peito dói, e quase que imediatamente o coração aperta.